E os meus tesouros,
escondidos entre a areia branca dos desertos
e um lodaçal de mangues ensombrados,
findaram.
Retiraram-me a última moeda,
extinguiram-me,
não como o ladrão absconso da noite quieta
mas como a horda bárbara
que marcha, sem regra,
com o alarido que lhe é próprio.
Sobrou-me, não mais,
apenas a memória
do barulho que me fizeram
ao de mim aproximarem-se, gritantes,
estes bárbaros de que vos falo.
Restou-me, de todos meus galeões,
apenas a face, fugidia em minha mente
mas vincada,
daqueles que me despiram e me entregaram,
sem qualquer sensibilidade.
Arrancaram-me tudo,
descreram-me de mim como me havia feito crer.
E por entre os destroços do latrocínio,
sob os indignos escombros do que fui,
ainda pode-se enxergar,
emergindo do areal branco
ou do lamacento mangue que camufla,
o molambo gasto e sujo de minha alma:
signo maior de humanidade.
Afro Samurai Release Date
Há 3 anos
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