"Teu ato mais sublime é colocar outro em sua frente." William Blake

quinta-feira, 18 de março de 2010

A urbe pobre

Rocinha imunda,
Fim-de-mundo vazio
que me tem.
Em que buraco Deus jogou minha vida?
Em que beco imundo de tuas ruas ficou perdida a minha alma?
Elegia de fracassos,
reino de idiota burguesia!
Por que existes?
Que te percas, que te afogues
no torvelinho de tua lama podre!
Morta, não exales odor algum,
pois a lembrança de tua existência ainda macularia
o nojo das coisas.

Paraíso fétido,
de imundícies hostis e hordas bárbaras
que se comem ao almoço.
Dobre tuas esquinas
e esconda-as nos bolsos.
Que os edifícios caiam
e que a poeira levantada encubra o sol
por quarenta séculos!
Que não chegue nenhum feixe de luz
à fealdade de tua face!
Perca a esperança de novos dias,
rocinha imunda;
Perca a vontade de mudar,
paraíso fétido.

Pois para mim sempre serás
a barriga horrível da qual saí.

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