"Teu ato mais sublime é colocar outro em sua frente." William Blake

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Um bicho da terra tão pequeno

É como se faltasse algo. A doença, a proximidade da morte, o amor insatisfeito: tudo a mesma coisa: falta, ausência, abolição. No princípio, acreditava. Acreditei. Depois a dúvida, a covardia de pegar o futuro pela cauda. Então vieram tempos de infortúnio. De que adianta uma vida intelectual, se não se vive? De que adianta jogos de palavras, se não se comunica? A repetição, a repetição; a ocasião, não. Impossível reconciliar o outro. E em meio a dilacerações tão grandes para minha vaidade, imponentes do alto do meu orgulho, versos de Camões:

"No mar tanta tormenta, e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme, e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?"

Existe alguma porta que me leve para a ação?

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