Numa noite sem cessar eu procurava
De mãos frias, vazias, penitentes,
Em garrafas indecorosas que se uniam
Ao mistério incompreensível de cada coisa,
Uma coisa maior que em vão dissesse
A própria coisa perdida e interrogada.
E como um surto negro e inconseqüente
Se apossasse do meu ser ensimesmado,
Me afundei no mar maior de uma cadeira
Que sozinha havia, inconsolada,
Sem chegar à resposta gratuita
Que acalentasse esse meu ego delinqüente.
Submerso assim em devaneios
Me levei inconsciente a outras plagas,
Sonhos menores de um sempre mesmo sonho,
Incapaz da concretude que eu queria.
Adormeci meu corpo nu cansado
Num carrossel atroz de mil volteios
A espera de uma luz que em claridade
Me retirasse a estátua de mim mesmo,
Esquecido e de tudo renegado.
Um trajeto mudo e áspero me emudecera
Em que sob o halo da manhã chegada
Apresentou-me o Além-da-realidade.
Tudo o que eu julgava desconexo
Mostrou-se claro na verdade que se grita.
Mas a palavra felizmente debruada
Não permite o caminho então reverso
E a noite novamente foi caindo
Num gesto hermético e a si inverso.
Afro Samurai Release Date
Há 3 anos
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