"Teu ato mais sublime é colocar outro em sua frente." William Blake

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O Príncipe

Vago entre o Céu e o Inferno,
hóspede da Casa do Degredo,
onde todo dia é dia de guerra
e cada batalha cospe a ausência do meu exílio.

A maldição do tempo cai sobre o meu corpo,
a noite vem marcar a minha face,
extingue-se de olhos cansados a última chama.

Além, o mar inexistente insiste
a me fazer boiar em seu rumor,
misturar minha espuma ao seu suor,
fazer de mim sua própria dor.
E deuses maiores não morrem,
e homens dançam em barcos.
Tempestades, tormentas, ventos e cortes
rompem a amurada daquilo que fui.

Cai, ó Príncipe da Ilusão!
Aceita o teu destino!

Um réquiem distante conferirá recato à noite
e o esvanecer do tempo ser-te-á nulo,
deitado no esquife pobre onde bóiam teus sonhos.

Vai-te, ó Príncipe,
e procura tua verdade!
Ou te afogues no mar eterno do teu mundo
como a criança boba que inventou
a verdade horrível de um quarto escuro.

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